domingo, 2 de setembro de 2012

O princípio da contradição

Contradição


     Diz-se que há contradição quando se afirma e se nega simultaneamente algo sobre a mesma coisa. O princípio da contradição informa que duas proposições contraditórias não podem ser ambas falsas ou ambas verdadeiras ao mesmo tempo. Existe relação de simetria, não podem ter o mesmo valor de verdade. Dessa forma, ocorre uma contradição quando uma afirmação é falsa e a outra é verdadeira. Se forem ambas verdadeiras ou falsas, não existe contradição.
Por exemplo, imaginando-se que se tem um conjunto de bolas, a afirmação "Toda Bola é Vermelha" e a afirmação "Alguma Bola não é Vermelha" formam uma contradição, visto que:
  • se "Toda Bola é Vermelha" for verdadeira, "Alguma Bola não é Vermelha" tem que ser falsa;
  • se "Toda Bola é Vermelha" for falsa, "Alguma Bola não é Vermelha" tem que ser verdadeira;
  • se "Alguma Bola não é Vermelha" for verdadeira, "Toda Bola é Vermelha" tem que ser falsa e
  • se "Alguma Bola não é Vermelha" for falsa, "Toda Bola é Vermelha" tem que ser verdadeira.
Por outro lado, a afirmação "Toda Bola é Vermelha" e a afirmação "Nenhuma Bola é Vermelha" não formam uma contradição, visto que:
  • se "Toda Bola é Vermelha" for verdadeira, "Nenhuma Bola é Vermelha" tem que ser falsa; mas
  • se "Toda Bola é Vermelha" for falsa, "Nenhuma Bola é Vermelha" pode tanto ser verdadeira quanto falsa e
  • se "Nenhuma Bola é Vermelha" for verdadeira, "Toda Bola é Vermelha" tem que ser falsa; mas
  • se "Nenhuma Bola é Vermelha" for falsa, "Toda Bola é Vermelha" pode tanto ser verdadeira quanto falsa.
     E, sendo uma negação total (em nível da quantidade e da qualidade), a contraditória da afirmação "As contraditórias das grandes verdades são grandes verdades" seria: "Algumas contraditórias das grandes verdades não são grandes verdades". A palavra significa: contra + dicção, ou seja, que diz contra algo, no caso, contra si mesma. Dessa forma, está relacionada dentro do campo da oratória também, da fala, do discurso. A linguagem, como veículo e universo específico, é paralógica ao raciocínio convencional humano.
O conceito estende-se por áreas onde possivelmente não encontraria suporte, mas apenas no momento em que entra em confronto com a avaliação mental humana, já que, conforme a psicanálise lacaniana enuncia, o "inconsciente é estruturado como linguagem" (Lacan) e suas figuras correspondem ao real humano. Por esse motivo, com rigor filosófico, a palavra é frágil em aplicações matemáticas e físicas, por exemplo. Se um elétron, em sua definição probabilística, pode comportar-se como onda ou partícula, isso poderia ser uma contradição, pois o que é, é, em termos do senso comum. Não se podem ser duas coisas distintas ao mesmo tempo. Mas, no universo quântico e astronômico, além da física newtoniana, as contradições são matematicamente reais e viáveis. Então pode-se dizer que:Uma coisa é o que é e não se confunde com nenhuma outra.

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